A tese é… não, não vamos definir aqui uma tese
Vamos apenas dizer que ela é um ponto de partida para a carreira e será o resultado de alguns anos de trabalho.
A tese requer planejamento e critérios, pelo que ela exige de esforços e de tempo, pelo que ela representará agora e sempre na vida de seu autor. Invista algum tempo estruturando seu trabalho, se possível, antes de o começar. Se ele já estiver em andamento – e não estiver andando bem – empregue um tempo em reordenar o desenvolvimento da pesquisa e a redação. É importante que você, ao cabo, esteja satisfeito com o que fez. Você será o melhor juiz de seu trabalho, bastando alguns anos de distanciamento da defesa; não queira olhara para trás, em algum tempo, e ter algo a renegar.
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É importante ter em mente que a tese é um processo lógico, uma estrutura argumentativa, um texto retórico, e entender bem o que essas cada essas características significam. |
O projeto da tese: o ponto antes da partida
Primeiro, tente entender o tipo de trabalho que você deseja fazer e, acima de tudo, seja claro sobre os motivos que o levam a estudar um tema específico dentro de uma disciplina específica.
Pense primeiro sobre este ponto: você escolhe o tema e, em consequência, o orientador, ou vice-versa? Lembre-se que não é sempre fácil de conciliar o interesse no tema e a qualidade da relação pessoal estabelecida com seu orientador.
Uma tese (o texto) deve consistir em apoiar uma tese (uma ideia), ou seja, ela é o caminho quem conduz de uma série de ideias a outra, começando pela hipótese, uma série de afirmações trilhadas até conclusões da finais.
No início de seu trabalho, quando da escolha do tema, serve uma “questão de investigação”: Qual é seu tema favorito? Depois de escolher a estudar um fenômeno específico, você se pergunta: por que o estudo deve ser interessante ou útil? Quais são as perguntas e respostas que você gostaria de encontrar com a pesquisa?
A pesquisa pode ter muitas finalidades diferentes: descrição (localizar, classificar, categorizar os fenômenos, comparar), explicação (estudar os mecanismos que unem os fenômenos), a generalização (ver regras e condições que tornam possível estender os resultados para outros contextos) e a previsão (imaginar a dinâmica futura dos fenômenos).
Os primeiros indícios também podem ser muito genéricos, mas é importante imaginar um projeto de pesquisa e identificar as soluções mais adequadas e metodologicamente viáveis para atacar esse problema (entre muitas possíveis). Através do trabalho de tese, você pode sugerir um modelo interpretativo para o fenômeno sob estudo, para testar hipóteses ou teorias existentes que destacam aspectos desconhecidos do objeto de estudo.
O que você pode (ou não) escrever na tese?
Em princípio, você pode escrever qualquer coisa quiser apoiar sua tese, mas, antes de fazer uma declaração ou escrever um comentário, tente entender se ele está dentro de um dos seguintes casos:
- opiniões, opiniões, teorias, etc, tiradas de literatura (deve ser sempre citada a fonte e a fonte devem estar presentes na bibliografia);
- os dados, informações (deve ser sempre mencionada a fonte, acrescentando as palavras “nosso processamento”, se os dados são reprocessados);
- opiniões pessoais (argumentados nos reflexos de luz que se movem de teoria ou dados obtidos com a sua investigação empírica).
Se o que você escreve não cair em um desses casos, reflita: você está escrevendo uma tese em direito (ou o que for!), não um diário ou um romance de aventura. Independentemente se você quer (ou não) falar de impressões e emoções, elas são capazes de acrescentar, efetivamente, algo ao que você está escrevendo? Lembre-se de que, a defesa da tese é chamada defesa de tese: você terá que defender o que escreveu e defender dados, informações e conclusões é mais seguro que defender impressões e emoções.
Se sua tese é “experimental” (termo usual, mas incorreto, para indicar que uma parte da tese é dedicada à investigação empírica), claro, você pode propor suas expectativas entre pressupostos de pesquisa e suas leituras teóricas na interpretação dos dados e das conclusões. Mas, cuidado, não é uma questão de visões oníricas: são as inferências obtidas pela aplicação da capacidade de fazer observações (às vezes, inata), comparar e correlacionar informações, fenômenos e teorias de forma sensata e, possivelmente, original.
Na parte teórica da tese, que é dedicada à revisão da bibliografia, você deve tentar usar as ideias encontradas na literatura e de “falar um com o outro autor”, criticamente, integrando os pontos de vista alheios e seus comentários quando eles são úteis para a compreensão global ou quando eles adicionarem alguma coisa brilhante ao que foi dito por outros (uma palavra de cautela: você deve atribuir as opiniões de diferentes vozes e tornar explícito o espaço dedicado a suas considerações).
Seja parcimonioso e sintético: a tese é também (ou apenas?) um bom exercício de síntese.
O “copiar-colar”: amigo ou inimigo da escrita de uma tese?
É inútil fingir não existe esse recurso na elaboração da técnica clássica, todos fazemos compilação de informações da literatura com base em “copy-paste”. Cabe fazê-lo com inteligência e, acima de tudo, com um espírito crítico e honestidade intelectual.
Tudo bem quanto a “copiar-colar” para um primeiro rascunho e vencer o pânico de página em branco: comece lendo um pequeno número de contribuições (livros básicos ou artigos genéricos) e copie as partes que você acha mais significativas porque eles expressam de forma clara as ideias e conceitos que você tem em mente. Coloque m ordem para não perder informações valiosas Lembre-se de sempre colocar o que copiou como citação e anotar o livro e a página de que você está extraindo o fragmento (você precisará estar atendo à questão da citação – referência – correta; use um programa para isso: até o Word o faz primorosamente).
Depois de colocar em ordem o material compilado (emulado, extraído, colado!), leia tudo com atenção e tente reescrever o texto usando as suas palavras – aproveita para fazer um quadro com as diferentes ideias ou informações contrastantes advindas de autores distintos. No final é melhor usar as “aspas” (aquelas que denotam a citação literal, a que reproduz palavra por palavra) com moderação e, especialmente, quando a parte do texto que você deseja citar é um resumo particularmente eficaz. Não se esqueça de citar fontes para tudo, na citação literal e na transcrição da ideia.
Um dos aspectos importantes é ser capaz de adaptar seu “estilo” para a linguagem e o vocabulário técnico da disciplina em que você escreve sua tese (sem se esconder em tecnicismos desnecessários, que isto certamente não ajuda). A única ajuda real pode vir da análise cuidadosa da bibliografia, da qual você deve ser capaz de extrair as indicações de conteúdo também em termos de linguagem da comunidade científica de referência. Deste ponto de vista do “copiar-colar” pode ser um bom treinamento.
Um conselho que pode ser sempre válido é a preferir frases simples. Portanto, é melhor evitar parágrafos longos, inversões e intercalações desnecessárias, palavras desnecessárias, locuções expletivas, gongorismos, arcaísmos. Além disso, as ligações entre declarações consecutivas devem ser tão claras e explícito quanto possível, estabelecendo causa, finalidade, adversidade ou qual for a relação. Não se assunte: quando você der por concluído o texto, o revisor vai entrar com uma tesoura voraz cortando tudo que estiver sobrando.
A rede de apoio: o orientador e o revisor linguístico
Pode parecer banal, mas se você ler cem vezes seu texto não será capaz de encontrar muitos dos erros presentes: você sabe muito bem o que você produziu (espero); então, em vez de ler, o autor usa a memória não pode ver o que está escrito.
A princípio, o orientador vai apontar uma quantidade enorme de falhas e fará sugestões quanto ao texto inicial; depois, com as sucessivas releituras, ele também vai começar a passar por cima de falhas, lacunas, omissões, repetições e saltos: já estará, por sua vez, saturado com as informações e palavras daquele texto – tanto quanto o autor.
Antes de depositar seu trabalho para a defesa, é imprescindível submeter o texto a um revisor profissional (o orientador está excluído, claro, primeiro porque ele vai ler várias etapas do trabalho, mas o problema é que o orientador (provavelmente) não é um linguista, orientador não é revisor de textos – e, se for (0,0001% dos casos), não está sendo pago para isso e já está “contaminado” pela saturação de leitura). Reserve recursos para a revisão: é sempre onerosa.
A estrutura da tese: uma hierarquia de informações e análises
A tese está organizada em capítulos, parágrafos e parágrafos exatamente como um livro didático. Há variações significativas principalmente entre teses experimentais ou teóricas, entre investigações originais e revisionais, entre ciências duras e ciências humanas, entre trabalhos clássicos ou performáticos: para citar alguns dos pontos de fuga do que se apresenta aqui.
Normalmente, uma tese tem a seguinte estrutura
- Resumo. Você sabe: o resumo vai em português, inglês e mais uma língua pertinente. Leia aqui detalhes sobre como fazer o resumo.
- Introdução: é a apresentação do trabalho, na qual se descreve o tema de pesquisa em suas linhas essenciais e se traça o caminho que será realizado para estudar o tema de tese em si; são os capítulos introdutórios, um ou dois (no máximo), que descrevem o contexto, os dados de fundo, teorias, descrição do tema.
- Um a três capítulos dedicados ao estudo de questões e problemas em aberto, a possibilidade de solução, os riscos que podem vir das soluções; a revisão da literatura sobre o assunto pode ser feita aqui.
- A metodologia para a pesquisa, os experimentos e as investigações feitas, descritas em quantos capítulos forem necessários, os resultados alcançados (de preferência sendo discutidos a cada tópico) e as análises comparativas.
- Conclusões, onde – ao contrário da introdução – se apresentam as soluções de problemas e as questões que continuam por resolver;
- Referências.
- Apêndices contendo entrevistas, livros, materiais de referência e padrões.
A introdução da tese
Em média de cinco a dez páginas, a introdução deve apresentar o trabalho em texto claro e sucinto, justificando a existência da tese e afirmando logo os métodos de análise escolhidos para a pesquisa. Também é útil explicar a divisão em partes (no primeiro capítulo que se trata de...).
A introdução você escreve no final do trabalho, é verdade que só ao terminar a tese se pode ter a visão global de seu caminho e se pode redigir a introdução com lucidez e concisão. Já escrevemos mais sobre introduções.
A conclusão da pesquisa e da redação
Em média, cinco a dez páginas, a conclusão pode parecer uma duplicação da introdução, em muitos aspectos, porque ela resume o trabalho novamente. Na verdade, ela tem uma função diferente: o papel da celebração e de apresentar a “soma” de sua pesquisa, para demonstrar claramente o que você provou e em que caminhos se pode prosseguir.
Em suas conclusões, enfatizar as expectativas alcançadas e aquelas não atendidas, objetivos alcançados e não alcançado, destacando os dados mais interessantes e deixando em aberto a possibilidade de continuar a pesquisar, dando indicações de potenciais futuros desenvolvimentos.
Questões de educação e bom-senso
É desnecessário será dizer que, em todas as fases do trabalho haverá alguém que te acompanha e ajuda em pesquisas, definição de tarefas e na discussão dos argumentos. O orientador estará lá, mas lembre-se de que ele não tem dedicação exclusiva a você.
Não se apresente no último dia com uma tese de trezentas páginas para ele ler e corrigir para o dia seguinte. Pergunte ao orientador se prefere ele prefere ler em papel ou a versão eletrônica do trabalho – felizmente, para todo mundo, a maioria recebe em versão eletrônica e já sabe comentar e interferir diretamente no arquivo. Não entregue “rascunhos”: sempre releia o que escreveu; é importante verificar se existem muitos erros de digitação (ou pior: “horrores” de gramática); veja se as frases fazem sentido; se os tempos verbais são consistentes. Lembre-se de que a tarefa do seu relator é guiá-lo no conteúdo da tese e não corrigir erros na escrita; ele vai apontar uns erros sim, principalmente se forem poucos: se for muito ele vai apenas repreender você! Atenção: esses cuidados nunca, jamais, dispensam a necessidade de que o texto vá às mãos de um revisor quando estiver concluído. Isso é vital para que você não seja repreendido pela banca, publicamente, durante a defesa, por lapsos e outros problemas de textualidade.